Paralisação

Cpers paralisa atividades por tempo indeterminado

Em assembleia geral realizada em Porto Alegre, categoria resolveu deflagrar greve já a partir desta sexta-feira

Os professores da rede estadual de ensino entram em greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada, por maioria, em assembleia geral promovida na tarde de sexta-feira (13), no Gigantinho, em Porto Alegre. A partir de segunda-feira, representantes do 24º Núcleo do Cpers-Sindicato cumprem roteiro pelas instituições para verificar a adesão e desenvolver trabalho de convencimento com os colegas que não tenham se juntado ao movimento. Um calendário de atividades também deve ser organizado nos próximos dias. Na área de cobertura da 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), a paralisação poderá atingir cerca de 47 mil alunos.

As questões financeiras são a grande motivação da greve. Só neste ano, o governo de José Ivo Sartori (PMDB) já adotou o parcelamento de salários por duas vezes. E os reajustes também não têm repercutido no bolso dos trabalhadores. Em 2015, o aumento do Piso Nacional do Magistério foi de 13,01% e, em 2016, foi de 11,36%, mas nenhum deles foi repassado à categoria. Os atrasos recorrentes no repasse das verbas de autonomia das escolas e o déficit de pessoal, principalmente de funcionários, também aparecem entre as cobranças.

“Embora uma parte da categoria ainda esteja receosa, entendemos ter razões de sobra pra deflagrar a greve neste momento”, argumentou o coordenador do 24º Núcleo, Mauro Amaral. A estimativa, inclusive, é de que a manifestação ganhe força ao longo da semana, conforme visitas e conversas provocadas pelo Cpers.

O que diz o governo
Ao se manifestar na tarde de ontem, o secretário adjunto da Educação, Luís Antônio de Freitas, garantiu não haver condições de oferecer reajuste aos professores. “A situação financeira não permite suportar qualquer tipo de reajuste. O Estado está exaurido”, sustentou. Freitas assegurou ainda que, depois de rigoroso estudo do quadro, o governo estaria adotando providências para suprir a falta de pessoal, através de medidas, como o aumento da carga horária de profissionais de 20 para 40 horas. Negociações com a Secretaria da Fazenda do Estado, para colocar o repasse das escolas em dia, também estariam entre as prioridades.

O titular da 5ª CRE, Antônio Carlos Brod, voltou a defender a importância de os 200 dias letivos e as 800 horas, previstos em lei, serem cumpridos. Além, claro, de o conteúdo ser desenvolvido de forma eficaz. “Como coordenador, é disto que eu não abro mão”, reiterou. E mostrou-se diplomático ao se pronunciar sobre a greve: “Respeito a decisão soberana da assembleia. Não me cabe contrapor nem discutir as razões. Faz parte do processo democrático”.

Apoio estudantil Alunos de duas escolas de Rio Grande realizam ocupações desde a manhã de ontem, em apoio à mobilização dos professores. Os jovens aproveitam para cobrar investimentos estruturais, reclamam da falta de pessoal e garantem que também irão permanecer nos locais por tempo indeterminado.

Na Juvenal Miller, a expectativa é de promover caminhada na segunda-feira para entrega de documento com a formalização das reivindicações à 18ª CRE. Atividades culturais também devem ocorrer. São ferramentas para fazer coro contra o parcelamento dos salários do funcionalismo estadual e o sucateamento das instituições. “O auditório é usado, mas tá cheio de goteiras. Tem sala de aula com buraco no chão e assoalho cheio de cupim”, queixa-se o presidente do Grêmio Estudantil, Ruan Estabel, 18.

Na Bibiano de Almeida, a programação também é de manifestação por tempo indeterminado, inclusive durante o final de semana. Os alunos organizam-se em esquema de revezamento, mas quem pretende passar a noite na escola, tem de entrar até as 19h30min. “Depois, só entram se chegarem acompanhados dos pais. Temos que ter controle”, ressalta a presidente do Grêmio, Larissa Maia, 18. As aulas foram canceladas. As provas, que eventualmente estivessem programadas, serão remarcadas. Não se sabe para quando. Afinal, o momento é de greve.

Em Porto Alegre, em quatro escolas também ocorreram ocupações nesta sexta-feira: Padre Reus, Coronel Emílio Massot, Júlio de Castilhos e Agrônomo Pedro Pereira. A expectativa, inclusive, é de que os manifestos estudantis se espalhem pelo Estado a partir da próxima semana.

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